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O dia-a-dia em pequenas doses numa carta escrita para atravessar o Atlântico.
Acordávamos já com o cheiro a torradas. Aliás, era o cheiro a sair da cozinha que nos acordava. Primeiro um olho, depois o outro. O corpo rebolava um bocadinho mais na cama, por preguiça. Depois, não aguentávamos mais o cheiro a carcaças torradas e sabíamos que era manhã. Hoje já ninguém fala em carcaças. Percorríamos o pequeno espaço entre a sala de estar improvisada em quarto até à cozinha. Em cima do fogão, lá estava ela: a chapa com torradas quentinhas. Na altura, fazer torradas era uma arte. Era preciso ser rápido... virar a torrada de um lado, depois do outro para não queimar. Havia leite gordo ou meio gordo (não me lembro) que fervia, ao lado, numa pequena cafeteira. Eu ficava sempre fascinada. Hipnotizada, quase. Gostava de ficar a olhar o leite a subir lentamente apesar de, até hoje, detestar a nata da fervura. Mas mal distraía o olhar, era sempre o mesmo... perdia o momento. Havia Nesquik para pôr no leite. E havia sempre café que não podíamos beber, mas que a avó minha deixava.
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