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A pergunta

10.05.13

Saímos da praia. Eu já devia estar habituada. É no carro que surgem sempre as perguntas mais importantes da nossa vida.

Esta inexplicavelmente surgiu só hoje. Nós achamos que conhecemos os nossos filhos melhor do que ninguém. É verdade. Basta olhar para os olhos deles. Esquecemo-nos que eles também nos conhecem desde o tempo da barriga. Obrigada, querida J., por só me perguntares o que perguntaste, hoje. Depois de um final de dia com os pés na areia e mãos lambuzadas de gelados. 

 

Filha de verão: - Porque é que saíste do jornal?

Eu: (pequeno silêncio) - Porque o meu director quis que eu saísse.

Filha de verão: - E tu querias sair?

Eu: - Não.

Filha de verão: - Porque é que ele queria que tu saísses?

Eu: - Porque é desonesto.

Filha de verão: - O que é ser desonesto?

Eu: É ser falso

Filha de verão: - O que é ser falso?

Eu: - É ser mentiroso

Filha de verão: (pequeno silêncio) - O que é que ele te disse?

Eu: - Um dia eu explico-te melhor.

Filha de verão: - E agora no novo emprego também vais ser jornalista?

Eu: - Não, não é bem a mesma coisa.

Filha de verão: - Então, mas já não és jornalista…

Eu: - Sou, sou! É difícil explicar…

Filha de verão: - Mãe…

Eu: - Hum?

Filha de verão: - Podemos ir ao parque?

Eu: - Podem!

 

 

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publicado às 21:24

Ao futuro!

03.05.13

Quanto tempo passou? Nove meses. Nove meses de desemprego é mais do que uma licença de maternidade em Portugal. Superei os cinco meses. E se há coisa que aprendi é que a tranquilidade que se ganha com o desemprego também demora a chegar. É uma tranquilidade que vai amadurecendo. A mim, foi preciso chegar até aqui, até Maio. Para finalmente respirar de forma diferente, com uma certa normalidade, sem o coração apertado. Talvez estes nove meses, que parecem uma eternidade quando penso neles, tenham sido os mais importantes da minha vida.

Ontem, numa entrevista de emprego, dizia que a experiência de estar desempregada tem sido uma grande lição de vida. Não só porque nos ajuda a lembrar quem somos. Como também nos dá tempo para pensar e para não pensar, para fazer coisas ou não fazer nada. Abre oportunidades para fazer alguma coisa por nós ou pelos outros. Eu fico sempre um pouco frustrada porque gostava de concretizar mil e uma coisas para as quais me falta coragem. Mas, pelo menos, já as identifiquei e já as projectei. Umas na cabeça, outras no papel.

Nestes últimos nove meses eu tenho descoberto tanta coisa. Tenho feito novas amizades, tenho cuidado das velhas amizades com carinho, tenho uma dependência brutal daquilo que se chama família. Tenho uma grande dose de equílibrio que misturo com outra maior de maluquice. Continuo solteira aos olhos da lei e aos olhos de quem liga a alianças. As minhas filhas de Verão e da Primavera são o meu porto seguro, tal como eu sou para elas. Tenho um marido que não é marido com os cabelos cada vez mais prateados, que cool! E, em breve, terei um novo emprego. Um brinde ao futuro!

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publicado às 19:01


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