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Nada

16.12.12

Quando se vai ao Chiado encontra-se sempre alguém. Eu encontrei. Um grande amigo num abraço, uma conversa solta com uma colega de outros tempos. Nestes encontros imprevísiveis, nem sempre tenho a melhor das conversas.  Às vezes dou respostas tão impulsivas que pareço um pouco louca. E claro que à pergunta: O que estás a fazer agora? Assim na imediatez, disse: "Nada". Um nada seco. Quando na verdade nem eu sei o que estou a fazer. Bem, não estou a fazer nada. Mas não me sinto a fazer nada. Tenho um sorriso sincero estampado no rosto. Tranquilo. Mas estou desempregada. Não estou a fazer nada. É difícil encontrar palavras. Simples palavras quando é tudo tão complexo. Tenho alturas em que sinto que sou capaz de fazer tudo. Tenho outras em que não me apetece fazer mesmo nada. O nada é a palavra que resume assim à bruta o que sinto. Mas farto-me de trabalhar. Em casa, com as miúdas. Penso muitas vezes na minha Galyna. A empregada que cá andava há já sete anos e que também ficou desempregada, por arrasto do meu desemprego. Tão injusto. Era incontornável,  eu sei. Sinto saudades dela, pela amizade. Sinto saudades dela também por tudo o que fazia cá em casa e que eu não consigo fazer com a rapidez com que ela fazia. Que treta. Vou-lhe ligar esta semana. O  Natal está a chegar. Ela gosta de rosas e chocolate. Eu descobri umas rosas de chocolate na Arcádia para lhe oferecer.

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publicado às 18:17

A partner

12.12.12

Do leopardo para a partner. O palco era o mesmo, o espectáculo completamente diferente com promessas de gargalhadas garantidas. Confirmou-se. Qual Ludvika, a minha filha de verão entra de salto alto e vestidinho. É uma das acompanhantes do Francisco Mendes numa alusão ao próprio Fernando Mendes do Preço Certo. Mas naquele Preço Certo, os concorrentes eram especiais: a virgem maria, jesus, josé e, claro, o burro. A partner está muito jeitosa no vestidinho e acompanha os convidados de um lado para o outro, lança sorrisos, faz aqueles gestos ensaiados que ficam sempre bem em TV. O espectáculo hoje era um elogio à TV ou uma paródia ao país que temos. Estava lá um bocadinho de tudo, desde os programas com mais audiências, ao bloco informativo com os repórteres sempre a acabar com "e por agora é tudo". Não faltaram anúncios atrás de anúncios a intercalar cada programa, desde o "Torres Doce", passando pela "Zoe" até à "Pera Rocher", o meu preferido. O pai natal que assistia a tudo isto (a ver televisão) e a reclamar da publicidade. "Mas nada disso seria possível sem a honra do grande e exoberante Francisco Mendes!!!", ouvia-se. Uns verdadeiros artistas estes miúdos. "E o preço certo desta montra final é....100 mil euros" Ganhou o burro. Nada mau para quem agora nem direito tem a estar no presépio.

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publicado às 20:39

Meu pequeno leopardo

11.12.12

Penso no meu pequeno leopardo em palco. Ainda há pouco tempo era um "passarito" como o meu pai lhe chamava. Hoje, na festa de natal do colégio, aparecia no papel de um jovem leopardo, elegante e ágil como na savana. Na história do rei leão, ali interpretada, penso no leopardo, penso nas gazelas, penso nas zebras, penso nas girafas, penso nos crocodilos, nos pássaros, nas hienas, no hakuna matata, no pumba. Penso no velho babuíno sábio interpretado por um educador. Hoje estivemos na selva. Audiência cheia. Fica sempre a saber a pouco. Por que nos habituaram mal naquele colégio desde o primeiro dia em que deixámos lá os miúdos e viemos de coração choramingas. Hoje são eles que não querem vir embora quando são horas de ir para casa. Temos estes presentes duas vezes por ano: um pelo natal, outro pelo fim do ano lectivo. Sabe sempre a pouco. Queremos sempre mais. Ver os nossos filhos brilhar. Serão sempre os mais bonitos, os mais especiais. Mas eu gosto também por todos os outros. Porque os conhecemos quase todos, um a um, pelos nomes. Gosto pela energia tão boa com que ficamos. Gosto porque sentimos a dedicação e profissionalismo de todos aqueles que são educadores ou auxiliares. Gosto porque sempre me surpreendem com magníficos espectáculos, teatros de cobrar bilhete à entrada. Este post é para a minha leopardinha bonita e irresístivel e para todos os que fazem parte deste mundo. As fotos seguem mais tarde. O sol já se pôs. Os leopardos vão à caça (em sonhos bonitos).

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publicado às 22:10

Botas da avó Rosa

06.12.12

Eu tinha calçado uns adolfo dominguez de salto alto. E à medida que a noite avançava, pensava na minha mãe. Piada fácil. A minha mãe consegue andar na perfeição em cima de quaisquer saltos. Sobre qualquer superfície. Não há calçada portuguesa que a faça desistir. Estava um frio de rachar naquela noite da inauguração. Fazia sorrisos, cumprimentava algumas pessoas. Mas continuava a pensar nos sapatos. De como Londres não é Lisboa. De como não tem calçada portuguesa. Mas também da dimensão da própria cidade. De como tinha sido uma anormalidade ter calçado aqueles sapatos. À minha volta, todos com uma garrafa de cerveja polaca na mão. Eu sonhava com um copo de vinho tinto. A  malta toda de ténis. Nike atrás de Nike, todos ou quase todos muito sujos. A combinar com o traje. Podiam ser mendigos mas eram artistas. Numa descontração tal que em Portugal seria uma coisa estranha. Ali estávamos. Felizmente havia o Jr para me apoiar. Felizmente haviam as chamadas "botas da avó Rosa" dentro de um saco no bengaleiro. Mais não eram do que botas rasas, quentinhas, com pêlo por dentro, mas muito à velhota. A nossa avó tinha umas assim. Há um momento qualquer em que desço as escadas e penso que nada justifica tanto sofrimento. Atiro com os sapatos, calço as botinhas fofas e volto a subir para a exposição. Só com a gargalhada da minha irmã em pensamento, assim que olhasse para os meus pés. No mundo artítico, há coisas que não têm importância absolutamente nenhuma. E esta era uma delas. 

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publicado às 15:46


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